sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sobre Nuvens

Você sabia que existe uma classificação para as nuvens e até para as chuvas? Pois bem, as nuvens são diferencias umas das outras principalmente por sua altura. Assim, elas são classificadas em três grupos, a saber: Nuvens Baixas, Nuvens Médias e Nuvens Altas. Nas regiões tropicais, a altura mínima e a altura máxima de uma nuvem costuma ser de 2 km e 18 km de altura da superfície respectivamente; nas regiões temperadas e polares, as distâncias são, respectivamente, 2 km e 13 km, e 2 km e 8 km.


Nuvens Baixas: Internacionalmente, existem cinco denominações para tipos de nuvens que se encontram no estágio baixo, a 2 km da superfície.

Cumulus: Nuvens isoladas que apresentam uma base sensivelmente horizontal, tem contornos bem definidos, uma cor bem branca quando iluminada pelo sol, provoca chuvas na forma de pancadas, constituídas principalmente por gotículas de água, mas podem conter cristais de gelo no topo.
Congestus: Tem bordas protuberantes no topo e considerável desenvolvimento vertical, indica profunda instabilidade e favorecimento por escoamento ciclônico em altitude.
Cumulunibus: Com grande desenvolvimento vertical apresenta a forma de uma montanha e sua forma só pode ser vista de longe devido ao seu tamanho. No topo, geralmente apresenta a forma característica de uma bigorna. É uma nuvem mais escura formada por grandes gotas de água e granizo, podendo conter cristais de gelo no topo. Está associada a tempestades fortes com raios e trovões.
Stratocumulus: Cinzentas ou esbranquiçadas é formada por gotículas de água e estão associadas a chuvas fracas.

Stratus: Nuvem cinzenta que provoca chuvisco. De cor cinza forte com base uniforme, costuma encobrir o sol ou a lua.


         Nuvens Médias: A seguir, três denominações para as situadas em estágio médio, de 2 a 8 km em latitude tropical, 2 a 7 km em região temperada e de 2 a 4 km na região polar.

Nimbostratus: Nuvens de grande extensão e base difusas formadas por gotas de chuva, cristais ou flocos de gelo com cor bastante escura.


Altostratus: Nuvem cinza (às vezes branca) que apresenta sombras próprias e tem a forma de rolos ou lâminas fibrosas ou difusas. Raramente contém cristais de gelo e por entre as nuvens deste tipo é possível enxergar pedaços do céu claro. Variações: lenticularis, radiatus, cumulusgenitus, opacus, plocus ou castellatus.


     

Nuvens altas: E por fim, três denominações para formações em estágios altos, de 6 a 18 km na região tropical, 5 a 14 km na região temperada e 3 a 8 km na região polar.

 

Cirrus: Nuvens com brilho sedoso, isoladas e formadas por cristais de gelo parecendo convergir para o horizonte. Podem se formar da evolução da bigorna da cumulusnimbus. Variações: filosus ou fibratus, uncinus, spissatus ou nothus, ou densus.

 

Cirrocumulus: Nuvens braças compostas quase exclusivamente por cristais de gelo agrupados em grânulos semitransparentes. Variações: stratiformis, lenticularis, castellatus.

 Cirrostratus: Nuvens parecidas com um véu transparente que dão ao céu um aspecto leitoso. Constituída por cristais de gelo. Variações: fibratus, nebulosus.




No próximo post, falarei dos tipos de chuvas!

Abs!!

domingo, 9 de novembro de 2014

O Muro de Berlim e os 99 Balões

O Muro de Berlim e os 99 balões

Há 25 anos atrás começava a ruir o nefasto Muro de Berlim, uma das mais deprimentes obras do ser humano no século XX, que separava pessoas de um mesmo povo, de uma mesma nação em nome de uma política segregacionista absurda, pautada por uma pretensa diferença ideológica onde se dividia o mundo inteiro em dois blocos. Em 1982, aparece na então Alemanha Ocidental a música 99 Luftballons, da cantora Nena. A letra, composta pelo guitarrista da banda, surgiu quando ele assistiu a um show dos Rolling Stones em 1982, em Berlim Ocidental e viu vários balões subirem ao céu. Então ele imaginou o que seria se os balões voassem sobre a fronteira que dividia a cidade e fossem para Berlim Oriental, gerando lá uma reação paranóica. A canção crítica à Guerra Fria, ficou no topo das paradas de sucesso em diversos países.
Veja a letra da canção:

99 Balões


-99 Balões
Você tem algum tempo para mim?
Então eu canto uma canção para você
Sobre 99 Balões
Em seu caminho para o horizonte
Talvez você esteja pensando em mim
Então eu canto uma canção para você
Sobre 99 Balões
E esse algo vem de algo

99 Balões
Em seu caminho para o horizonte
Pensaram que eram OVNIs do espaço
Por isso enviaram um general
E logo depois um esquadrão,
Para soar um alarme, se assim fosse
Mas lá no horizonte eram
Apenas 99 balões

99 aviões a jato
Cada um era um grande guerreiro
Esperaram pelo Capitão Kirk
Foi uma grande queima de fogos
Os vizinhos não juntaram nada
E logo ficaram irritados
Por isso atiraram no horizonte
Nos 99 balões

99 Ministros da Guerra
Fósforos e latas de gasolina
Esperaram por pessoas inteligentes
Farejaram grandes saques
Gritaram: Guerra e queriam poder
Cara, quem iria pensar
Que aconteceu tudo isso
Por causa de 99 balões

99 anos de guerra
Não deixaram espaço para vencedores
Ministros da Guerra não existem mais
E nem aviões a jato
Hoje arrasto meus grupos
Vejo o mundo em ruínas
Encontrei um balão
Penso em você e deixo ele voar

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

29 de outubro - Dia Nacional do Livro

Ler ou Não Ser

"Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê". De fato, a operação intelectual da leitura ajuda muito o ser humano a conhecer melhor a si mesmo e ao mundo. O Dia Nacional do Livro é comemorado em 29 de outubro, data da instalação aqui da Biblioteca Real, por D. João, em 1810, depois chamada Biblioteca Nacional. Ele deve nos levar a uma reflexão: estamos lendo mais ou essa época dominada por imagens e sons tem nos dispersado? Você sempre está lendo um bom livro? Os educadores, hoje, consideram que não é correto tentar criar o "hábito da leitura", como se fosse um exercício mecânico, mas sim estimular, já nas crianças, o prazer de ler. Ler nos leva ao gosto de viajar sem sair de casa, além de nos preparar para enfrentar os desafios da existência. 

Chico Alencar, autor de Educar na esperança em tempos de desencanto, Ed. Vozes.


domingo, 12 de outubro de 2014

18 Anos sem Renato Russo

       Renato Manfredini Junior, mais conhecido pelo nome artístico de Renato Russo, foi um poeta, músico e cantor que comandou a banda brasiliense Legião Urbana, de 1982 até sua morte prematura em 1996.


       
Junior, como era chamado pela família, bem cedo começou a se interessar por música se revelando um exímio compositor mesmo antes da formação do Aborto Elétrico e da Legião Urbana.
 Letrista principal da banda, Renato Russo homenageia dois de seus principais ídolos, os filósofos Jean-Jacques Rousseau e Bertand Russel e ainda o pintor Henry Rousseau, na escolha de seu nome artístico, mantendo-se o seu primeiro nome.
      

Com forte influência do punk e do new wave londrino, Renato compôs verdadeiros hinos juvenis, que até hoje soam familiares para muitos jovens, mesmo tendo o seu autor morto há quase vinte anos atrás.
       Celebrada como a melhor banda brasileira dos últimos tempos, a Legião arrebatou milhares de fãs, de todas as idades e classes sociais e intelectuais.
      Olhando o seu trabalho como compositor, vemos as várias facetas do cantor carioca, com músicas ora politizadas, ora românticas; ora descompromissadas, simplesmente com o intuito apenas de entretenimento e por fim, músicas sobre relacionamentos e até depressivas, principalmente a partir do disco “As Quatro Estações” em diante, quando descobre ser portador do vírus HIV.
     

 Renato morreu devido as complicações causadas pela AIDS em 11 de outubro de 1996, na época com 36 anos.O corpo de Russo foi cremado e suas cinzas foram lançadas no Parque Burle Marx .
       Estima-se que a banda tenha vendido cerca de 20 milhões de discos no país durante a vida de Renato. Quase duas décadas após sua morte, a banda ainda apresenta vendas expressivas de seus discos pelo mundo.

Abraços, Amaury. "Força sempre!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Entenda o que fazem os cinco cargos políticos em disputa nas eleições

Presidente
Como autoridade máxima do país, ele tem a principal função de definir e executar políticas públicas nacionais. Ele também define como será executado o orçamento federal e determina a liberação de recursos. A sanção ou veto de leis aprovadas pelos parlamentares também fica a cargo do presidente da república, assim como representar o Brasil no exterior. Depois de eleito para o mandato de quatro anos, o presidente pode ser reeleito novamente para o mesmo cargo.



Governador
O governador é a autoridade máxima de um estado. Ele administra, representa e defende os interesses da região junto à presidência. Sua principal função é definir e implantar políticas públicas para o estado. Ele é responsável pelo orçamento estadual e define como os recursos serão liberados. Ao governador também cabe buscar investimentos e obras para melhorias do estado que representa.




Senador
A função mais importante dos senadores é revisar as decisões dos deputados federais. Diferente dos outros cargos políticos, o senador é eleito para um mandato de oito anos, durante o qual tem o papel de fiscalizar o Executivo, além do próprio Legislativo. São eles que aprovam a escolha dos presidentes e diretores de empresas públicas, membros do poder judiciário e diplomatas indicados pelo presidente. Os senadores têm a responsabilidade de zelar pelos direitos constitucionais e julgar o Presidente da República.



Deputado Federal
Os deputados federais atuam na Câmara dos Deputados, em Brasília e têm como principal missão a elaboração e votação do orçamento federal. Cabe a eles a criação de projetos de leis federais; e eles também podem derrubar leis já existentes. Os deputados podem propor alterações na Constituição por meio de emendas constitucionais e, em conjunto com os senadores, fiscalizam as ações do poder Executivo e do Legislativo.


Deputado Estadual
O deputado estadual tem a missão de representar o povo dentro de um estado. Cada deputado exerce suas funções na Assembleia Legislativa do estado pelo qual se candidatou. Têm como função essencial a elaboração e votação do orçamento do estadual. Durante os quatros anos de mandato – que podem se estender por outros quatro em caso de reeleições – o deputado estadual pode propor e alterar leis estaduais. Além de fiscalizar anualmente as contas do governo estadual e criar Comissões Parlamentares de Inquérito.



domingo, 8 de junho de 2014

Viagem Histórica

     O Graf Zeppelin foi o primeiro dirigível a cruzar a linha do Equador, no dia 22 de maio de 1930, inaugurando o tráfego aéreo entre a Europa e a América Latina. Cinco dias antes, no dia 18, o Zeppelin havia partido de Friedrichshafen (Alemanha) com destino ao Brasil. Cerca de 15 mil pessoas se aglomeraram nas ruas do Rio de Janeiro, olhando espantadas para o céu, e aplaudiram a chegada do imenso e estranho "objeto voador". Com 235 metros de comprimento, 30 de diâmetro e pesando 58 toneladas, o Zeppelin trouxe a bordo 19 passageiros e 43 tripulantes. A passagem aérea, na época, era de 20 mil contos de reis (entre Brasil e Alemanha). A velocidade do "monstro voador" era considerada "incrivelmente rápida": 128 Km/h.

                                                                       Seleção de Rita de Cássia Simões Martelini - Cambé/PR. 



sábado, 19 de abril de 2014

Cuide Bem de Suas Crianças!

“Inadiável o cuidado com as crianças que, na atualidade, em muitos lares, são órfãos de pais vivos, que vão terceirizando o afeto. E as consequências disso, são muito graves. Pagam alguém para cuidar dos filhos e dão muitas coisas materiais, esquecendo-se de que o mais importante é a auto doação: ter um tempo para os filhos, brincar, sentar no chão, andar na chuva, ir ao parque e tantas outras atividades mais.”


                                                      Fátima Delgado, em "Jesus, o Inigualável Psicoterapeuta" p. 152.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Origem do Dia 1º de Abril

     "O dia da mentira (ou o Dia do Trote) surgiu na França. Pelo menos é o que dizem... Não há consenso sobre a origem da data. A tese mais aceita dá conta de que surgiu em 1564, quando Carlos IX, rei da França, determinou a adoção do calendário gregoriano, com início em janeiro. Antes, o ano-novo era celebrado em 1º de abril. Alguns franceses resistiram à mudança, ou simplesmente se esqueceram dela, abrindo o caminho para que brincalhões pregassem peças como enviar presentes esquisitos e convites para festas de mentira em 1º de abril. A tradição se espalhou pela Europa. Foi trazida para o Brasil pelos portugueses."
                                                                  
                                                                                                   Almanaque de Cultura Popular Brasil


sábado, 29 de março de 2014

A Arte da Felicidade

     "A felicidade não depende do que acontece ao nosso redor e sim do que acontece dentro de nós; a felicidade se mede pelo espírito com o qual nós enfrentamos os problemas da vida. A felicidade é um assunto de valentia; é tão fácil sentir-se deprimido e desesperado. A felicidade não consiste em fazer sempre o que desejamos, mas sim em querer tudo o que fazemos. A felicidade nasce ao colocarmos nossos corações em nosso trabalho e ao fazê-lo com alegria e entusiasmo. A felicidade não tem receitas; cada um cozinha com o tempero da sua própria meditação. A felicidade não é uma pousada no caminho; mas uma forma de caminhar pela vida." 

Roger Patrón Luján



sexta-feira, 28 de março de 2014

Poema para a Exorcista

Hoje é aniversário do poeta peruano Mario Vargas Llosa, que completa 77 anos de vida. Para celebrar, um de seus poemas, Poema Para a Exorcista, escrito na cidade de Nova Yorque em novembro de 2001:


Poema para a Exorcista

A minha vida aparece sem condão e
monótona
aos que me vêem
no trabalho árduo da oficina
em manhãs apuradas.
A verdade é muito distinta.
Cada noite eu saio e discuto
contra um espírito malévolo
que, se valendo de
máscaras - cão, grilo,
nuvem, chuva, vagabundo,
ladrão - trata de
se infiltrar na cidade
para estragar a vida humana
semeando
a discórdia.
Apesar dos seus disfarces
sempre a descubro
e a espanto.
Nunca conseguiu enganar-me
nem vencer-me.
Graças a mim, nesta cidade
ainda é possível
a felicidade.
Mas os combates noturnos
deixam-me exausta e ferida.
E para compensar a minha
guerra contra o inimigo,
peço uns restos
de afeto e de amizade.

domingo, 23 de março de 2014

EU SÓ TENHO OLHOS PARA VOCÊ

   "Havia uma garota cega que se odiava pelo fato de ser cega! Ela também odiava a todos aqueles que a cercavam, exceto o seu namorado! Um dia, ela disse que se pudesse ver o mundo, ela se casaria com seu namorado. Em um dia de sorte, alguém lhe doou dois olhos! Então, seu namorado lhe perguntou: - Agora que você pode ver você se casará comigo? A garota ficou chocada quando viu que seu namorado era cego! Ela disse: - Eu sinto muito, mas não posso me casar com você porque você é cego! O namorado, afastando-se dela, ainda com o coração transbordando de amor em forma de lágrimas, de lágrimas que ele não mais podia chorar por estar cego, disse-lhe: - Por favor, apenas cuide bem dos meus olhos. Eles eram muito importantes para mim!



   Nunca despreze quem ama você...!!!
   Às vezes as pessoas fazem certos sacrifícios e nós nem ligamos..."

sexta-feira, 21 de março de 2014

PRECE SUFI*

   Ó Deus, quando presto atenção às vozes dos animais, ao ruído das
árvores, ao murmúrio das águas, ao gorjeio dos pássaros, ao zunido
do vento ou ao estrondo do trovão, percebo neles um testemunho da tua unidade; sinto que tu és o supremo poder, a omnisciência, a suprema sabedoria, a suprema justiça.
  Ó Deus, reconheço-te nas provas por que estou a passar.                   Permite, ó Deus, que a tua satisfação seja a minha satisfação.           Que eu seja a Tua alegria, aquela alegria que um Pai sente por um filho. 
   E que eu me lembre de Ti com tranquilidade e determinação, mesmo quando é difícil dizer que Te amo.

*Sufismo 
Não há distinção entre Sufismo e Islamismo. Sufis são muçulmanos que buscam empenhar-se em suas comunidades, a viver os ideais islâmicos em sua inteireza. 
 

Hajj Sheikh Muhammad Ragip al-rahi 


sexta-feira, 14 de março de 2014

Fernando Pessoa – Uma Quase Autobiografia (3ª Parte - Final)

 (Continuação)


     Não menos importante, já no Ato IV, Cavalcanti dedica um capítulo inteiro ao hábito etílico do poeta lusitano, “A espantosa lucidez da bebida.” Começa o capítulo com o subtítulo: Um irresistível gosto pelo álcool; e já na primeira linha escreve: “É como se houvessem nascido um para o outro”. Ao chegar em casa, por vezes se fingia de bêbado para irritar a irmã Teca. O poeta português tinha predileção pelos vinhos de Lisboa: alguns brancos ou tintos de mesa, preparado a partir da uva moscatel. De acordo com carta de Ophélia, ele apreciava também o vinho de madeira. No entanto, seu vinho preferido era outro: as “garrafas daquele vinho  do Porto que ninguém consegue comprar”.
   
Fernando Pessoa aos 40 anos de idade

  Aprecia ainda o absinto ( que logo larga devido aos problemas gástricos que lhe infringia) e o conhaque, mais conhecido em Portugal como Brandy; porém, preferia o bagaço, ou bagaceira, uma espécie de aguardente de uva. “Ah, bebe! A vida não é boa ou má”. A poesia e o álcool, nele, sempre andaram juntos.
     Todas as manhãs, ainda em jejum, tomava um cálice de vinho no caminho do trabalho; ao entardecer, retornando do serviço, tomava um cálice de conhaque; e em seguida, enchia uma garrafinha preta com aguardente para a noite. Alguns de sues amigos no trabalho, diziam que vez ou outra Pessoa se levantava no meio do expediente para tomar uma dose de aguardente. Todos os dias, durante o almoço, sempre tomava uma garrafa de vinho.
      

Tomando um cálice de vinho

      Todo este abuso com as bebidas teria um efeito drástico em Pessoa; a começar pelo delirium tremens, desencadeando num processo que o levaria à morte prematura em 1935, aos 47 anos de idade, sem o devido reconhecimento por parte de seus compatriotas.  A causa mortis teria sido provavelmente uma cirrose hepática ou uma pancreatite.
      É levado ao hospital São Luis dos Franceses, onde falece numa tarde de sábado. As freiras do hospital ligam para Ophélia Queiroz, cientes da relação dela com o poeta. Na quarto onde jazia Pessoa, as freiras deixam Ophélia a sós com o ilustre defunto. Ophélia põe a destra em sua cabeça e estremece; coloca a mão direita do morto entre as suas e sussurra palavras em seu ouvido inerte. Depois, para que ninguém soubesse dessa despedida, fala que recebeu a notícia através de um sobrinho, Carlos Queiroz. Segundo ela, então, “levei a mão à cabeça, dei um grito, chorei muito, por muito tempo”.
     O corpo de Fernando Pessoa foi velado na Capela do Cemitério dos Prazeres, no domingo, no dia primeiro de dezembro. Na manhã seguinte, às 11 horas o cortejo fúnebre parte para levar o corpo do poeta para o “túmulo raso do Cemitério dos Prazeres”. Vários amigos acompanharam o sepultamento.
     

Sua última foto, aos 47 anos.
      
Em 1985 os restos mortais de Fernando Antonio Nogueira Pessoa, 50 anos após sua morte, foram transferidos para o Panteão Nacional dos Jerônimos, cumprindo-se o que falara Jorge de Sena em 1954: “O país se lembra de lhe dever um túmulo ao lado dos grandes da pátria”.
     Assim, no claustro desse Mosteiro de Santa Maria de Belém, aos pés do Tejo, está o solitário túmulo de Pessoa. Em usa lápide está o epitáfio: Fernando Pessoa, 1888-1935; e em baixo, os versos:

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e flores.

20/04/1919 Alberto Caieiro

Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

1923 Álvaro de Campos

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes. 
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


14/02/1933 Ricardo Reis

   Amigos leitores; abaixo deixo dois sites que fazem uma crítica ao livro de Cavalcanti, para quem quiser saber mais:

http://ipsilon.publico.pt/livros/critica.aspx?id=305399

//www.blogger.com/blogger.g?blogID=5542520736526928833#editor/target=post;postID=7483741951312829143;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=0;src=link
   

quarta-feira, 12 de março de 2014

Fernando Pessoa – Uma Quase Autobiografia (2ª Parte)

(Continuação)


      Fernando Pessoa, apesar da figura soturna, possuía alguns amigos que despontavam para as artes como ele. Muitos deles, tratados como precursores do modernismo em Portugal colaboravam com a revista fundada por Pessoa, o Orpheu. Os melhores desenhos de Fernando Pessoa são de obras de (José Sobral de) Almada Negreiros (1893-1970) mulato “espontâneo, rápido” e de um “brilhantismo e inteligência mito e muita – eis o que está fora de se poder querer negar.” Havia ainda (Guilherme de) Santa-Rita Pintor, Miguel Torga e o melhor amigo, o também poeta, (Mário) Sá-Carneiro, que se mataria em Paris no ano de 1916 aos 25 anos de idade.
    



      Nas próximas 200 páginas do livro, no Ato II, Cavalcanti discorre sobre os heterônimos de Fernando Pessoa.  Primeiro, nos fala do seu estilo literário para depois penetrar de fato, nos heterônimos, a partir dos três principais e mais conhecidos: Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. É mister relembrar, que os heterônimos são pessoas imaginárias a quem se atribui uma obra literária, com “autonomia” de estilo em relação ao autor. Assim sendo, Pessoa não só deu estilos diferentes para cada um destes heterônimos, como até lhes deu uma data de nascimento e características físicas.
     


Almada Negreiros


      Caieiro era natural de Lisboa, morador do centro. Nascido em 16/04/1889, de signo Virgem; sua altura era mediana, sua pele branca e pálida, de olhos azuis. Sem profissão, vivia de rendas; não tinha religião e sua instrução era primária. Sendo seu estilo o da poesia primitiva, seu tema preferido era a natureza. Sua obra prima “O Guardador de Rebanhos”.
     Reis era da região norte do Porto. Nascido em 19/09/1887, era de libra. Era um pouco mais baixo que Caieiro; era moreno sem cor definida dos olhos e de cabelos castanhos; sua profissão era de médico e sua religião judia; formou-se no Colégio Jesuíta; seu estilo era o da poesia clássica; seu tema preferido, o Desencanto. Sua principal obra, as “Odes”.
     
Fernando Pessoa, por Almada Negreiros

      Por fim, Álvaro de Campos, de 1,75 metro de altura, nascido em Tavira e vivendo em Algarve, no sul. Sua data de nascimento, 15/10/1890, sendo libriano. Sua pele algo entre branco e moreno; seus olhos sem cor definida e seus cabelos eram pretos lisos. Sua profissão, correspondente comercial. Sem religião, era ateu.  Sua formação, Educação de liceu. Seu estilo, poesia sensacionista, sua obra magna, “Tabacaria”.
      Afora estes heterônimos, Pessoa teria desenvolvido, segundo Cavalcanti, mais de 100 heterônimos (127, no total). Destes, o mais relevante após os três supracitados, sem dúvida alguma, é William Alexander Search (Guilherme Alexandre Busca), surgido nos tempos da África inglesa, que escreve regularmente, quase sempre em inglês. Pessoa considera ter Search uma “incumbência: tudo o que não seja da competência dos outros três” (Caieiro, Reis, Campos).
    


O amigo Sá-Carneiro

      O Ato III “Em que se conta dos seus muitos gostos e ofícios”, tem capítulo reservado para “os sabores de Pessoa”. A culinária tem um lugar sempre secundário em suas obras. Nem ele era um grande apreciador dos comeres. “Comamos, bebamos e amemos (sem nos prender sentimentalmente à comida, à bebida e ao amor, pois isso traria mais tarde elementos de desconforto)”.
     Dentre seus pratos preferidos, Cavalcanti nos relata serem os seguintes: Galo com arroz ao Curry (Uma espécie de molho que aprende a gostar, de origem africana). O autor do livro se preocupa até em citar as receitas destes pratos! Em família, o cardápio seria mais variado: açorda seca só com pão, bolinhos de bacalhau, cordeiradas com batatas, cozidos à portuguesa, creme de leite, fatias de carne recheadas, feijão branco, filés de peixe, lombo de porco. E ainda rodelas de chouriço e guarnições com cenoura, vagem e outros legumes.
      


Fernando Pessoa aos 30 anos

      O livro fala ainda do Bolo-Rei, o bife à Jansen, ovos estrelados com queijo, ensopado de camarão, caldo verde, açorda de camarão e o seu prato favorito: Dobradinha à moda do Porto que, diga-se de passagem, é bem diferente da nossa.
      A seguir, são citados os lugares onde Fernando Pessoa morou: Largo de São Carlos, Rua de São Marçal, Rua Coelho da Rocha; em Durban, Hotel Bay View, em Musgrave Road, em Tersilian House, Ridge Road, West Street; de volta a Portugal, Rua Pedrouços, Travessa da Rua Direita, Rua da Palha e tantos mais, até a Rua Coelho da Rocha, 16, primeiro andar direito, de março de 1920 até sua morte, em novembro de 1935.


     Depois das residências, partimos para seus ofícios. “Aproveitar o tempo! O trabalho honesto e superior... Mas é tão difícil ser honesto ou superior!” Pessoa trabalhou como tradutor, correspondente comercial (em mais de 20 escritórios diferentes)se aventurou como micro empresário, fundando até uma tipografia e atuou ainda com publicidade.