segunda-feira, 10 de março de 2014

Fernando Pessoa – Uma Quase Autobiografia (1ª Parte)

     No final do ano passado finalmente concluí a leitura do livro Fernando Pessoa, uma Quase Autobiografia, do escritor pernambucano, José Paulo Cavalcanti Filho, Editora Record, 4ª Edição, 2011.  A vida, os amores, os ofícios e, é claro, os inúmeros heterônimos do poeta português – segundo  o autor passam de 100! – recheiam as 734 páginas do escritor, advogado e ex-ministro de Recife. A obra se divide em quatro atos e trinta e quatro capítulos.
     Logo nos primeiros capítulos, o livro trata das origens de Pessoa, pincelando acerca de seus parentes mais próximos, como sua mãe, com quem mantinha forte ligação, seu pai, morto prematuramente aos 43 anos por conta de uma tuberculose, e sua avó paterna, dona Dionísia, que morreu louca.

    
      Em sequência, o livro trata do segundo casamento da mãe, ainda jovem, com o Comandante da Marinha e Capitão do Porto Lourenço Marques, João Miguel dos Santos Rosa; Pessoa teria forte ligação com o cunhado de sua mãe, o General Henrique Rosa, que “passava anos inteiros sem sair da cama, rodeado só por livros e garrafas.”.
     Logo após o segundo casamento da mãe, Fernando Pessoa parte para a África do Sul com toda a família, motivados pelo serviço de seu padrasto. No continente africano sua mãe teria mais três filhos: Henriqueta Madalena, a Teca; Luiz Miguel, o Lhi e João Maria, o Mimi, que odiava o apelido.
      Contando 11 anos de idade, Pessoa é matriculado na escola Durban High School  - uma escola só para crianças brancas do sexo masculino. Nesta escola se destaca, recebendo até premiações, sempre com as melhores notas.
       Após 9 anos em terras sul-africanas, Fernando Pessoa, então com seus 17 anos, decide voltar à sua querida  terra natal, Lisboa. Pouco tempo depois matricula-se no Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa – curso que jamais concluiria.
      

      No capítulo subsequente, o autor destrincha uma pouco mais da figura de Fernando Pessoa “um cavaleiro de triste figura”; recua um pouco mais em suas origens e nos apresenta um Pessoa de origens fidalgo-judaicas; um homem discreto: “Não faço visitas, nem ando em sociedade nenhuma – nem de salas, nem de cafés”. Possui o corpo débil do pai, os olhos míopes - usava óculos para quem tinha 3 graus de miopia, quando na verdade tinha exagerados 12 graus! Fernando pessoa ainda tinha o hábito de ir todos os dias à barbearia, pois como atesta o primo “Desde sempre e até morrer nunca se barbeou a si próprio”. Cavalcante ainda nos fala de sua elegância no trajar, a sua insônia permanente e de sues livros preferidos.
     

       Fernando pessoa, fumava em todos os lugares – sem tragar; e tinha mania por colecionar coisas, principalmente selos.  Adorava ouvir músicas após o jantar: “Só estou bem quando ouço música.” Beethoven, Chopin, Liszt, Rimsky-Korsakov, Verdi e Wagner eram seus preferidos.
      Em 1919 surge sua única namorada, Ophélia Maria Queiroz,  namoro que só começa em janeiro do ano seguinte, após Pessoa se declarar à moçoila, 12 anos mais jovem: “Oh, querida Ophélia! Meço mal os meus versos; careço de arte para medir os meus suspiros; mas amo-te em extremo, acredita!”     Contudo, o romance não dura mais que seis meses; neste ínterim, sua mãe volta da África com seus irmãos, e viúva novamente. Isto ainda em 1920. Em setembro de 1929 reata o namoro com Ophélia, só que desta vez dura um pouco mais, até final do ano de 1930.



(Continua...)