domingo, 19 de janeiro de 2014

Religião e Religiosidade

      Amigos! Colhi o texto abaixo de um jornal de grande circulação em BH - o Aqui, do grupo Diários e Associados, e quem assina a matéria é o terapeuta Antonio Roberto, conhecido em nossa terra pelos programas transmitidos pela Alterosa, uma emissora afiliada do mesmo grupo acima citado e uma afiliada do SBT. Espero que vocês o apreciem, assim como eu o apreciei:

Religião e Religiosidade

     “Minha mãe é católica e o meu pai é evangélico. Confesso que estou no meio de chumbo cruzado e não sei o que fazer. Gostaria de saber se um mau cidadão, independente de religião, pode se tornar uma pessoa boa.”

Joana Dark – Belo Horizonte






     Há uma diferença entre ter religião e ser religioso. Ter religião é fazer parte de uma igreja determinada, seguir e praticar seus rituais, cumprir suas normas externas. Ser religioso é cultivar valores fundamentais de bondade, verdade, amor e solidariedade. É estar em comunhão com Deus e com seus semelhantes. É estar na trilha do auto-desenvolvimento, procurando ser cada dia um pouco melhor.
     A diferença entre essas duas coisas é importante porque podem existir pessoas que, mesmo pertencendo a alguma religião, não sejam religiosas, e outras que, mesmo não tendo uma religião, se ligam a Deus, ao universo e caminham no esforço dos valores universais da vida. O grande objetivo de uma religião é facilitar e encaminhar a pessoa para essa descoberta íntima da religiosidade.
     Respondendo à pergunta da leitora, podemos dizer que qualquer pessoa má se converterá ao bem através da religiosidade e do amor, mas isso não implica necessariamente em pertencer a uma religião.
     São inúmeros os caminhos que nos levam à paz interior e ao amor às outras pessoas. Como diria Jesus Cristo: “Na casa do meu Pai existem muitas moradas.” Cada um escolhe seu caminho, são muitos. Querer que as pessoas sigam o caminho que nós escolhemos é achar que o único meio de desenvolvimento humano e espiritual é o nosso. Essa crença leva ao fanatismo religioso, à intolerância religiosa, uma das piores formas de violência.
     Já houve na história do mundo momentos em que se matava aqueles que não professassem uma determinada religião. I o amor da religiosidade, onde fica?

Antonio Roberto – Terapeuta comportamental e Deputado Federal em Minas Gerais


Texto extraído do jornal aQui”, de 16/12/2013.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Os Reis Magos - Parte II

    Porque eram "Magos"?




Há grande dificuldade em identificar com plena exatidão geográfica os países de procedência dos Reis Magos, além dos dados da Escritura e de São Beda.
Sem dúvida, seu caráter de “magos”, reconhecido pelo Evangelho de Mateus, aponta para a área da civilização caldeia (cujo epicentro foi no atual Iraque, mas incluiu diversos países vizinhos, entre eles o Irã).
O nome “mago” provinha do fato de os sacerdotes dessa área serem muito voltados para a consideração dos astros. A eles devemos o início da ciência astronômica.
Com a decadência moral, os “magos” caldeus viraram uma espécie de bruxos, divulgadores de toda espécie de superstições.
Os Três Reis Magos teriam sido os últimos sacerdotes honrados daquele mundo pagão que aspiravam sinceramente conhecer o Salvador.


       Foram "Reis"?

Em que sentido podem ser chamados de “Reis”, uma vez que não se lhes conhece a procedência e menos ainda a localização do reinado?
Porém, na Antiguidade, muitas vezes os patriarcas, ou chefes de grandes clãs, ou grupos étnico-culturais, governavam com poderes próprios de um rei, sem terem esse título ou equivalente. E seu reinado se concentrava sobre sua hoste, por vezes nômade.
São João Damasceno não recusava que eles fossem descendentes de Set, terceiro filho de Adão. E este pormenor nos leva de volta ao “apócrifo” do Vaticano.

 O referido manuscrito estava na Biblioteca Vaticana havia pelo menos 250 anos, mas não se sabe mais nada de sua proveniência. 
Está escrito em siríaco, língua falada pelos primeiros cristãos da Síria e ainda hoje, bem como do Iraque e do Irã.
O Prof. Landau acredita que no “apócrifo” entra muita imaginação. Mas, há uma muito longa descrição das supostas práticas, culto e rituais dos Reis Magos.
      Feitos, pois, os devidos descontos no apócrifo, lemos nele que Set, terceiro filho de Adão, transmitia uma profecia, talvez ouvida de seu pai, de que uma estrela apareceria para sinalizar o nascimento de Deus encarnado num homem.

     O que foi feito dos "Reis Magos"?




     De acordo com uma tradição acolhida por São João Crisóstomo, Padre da Igreja, os três Reis Magos foram posteriormente batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé (Patrologia Grega, LVI, 644). 
A fama de santidade dos Reis Magos chega até os nossos dias.
Seus restos são venerados na nave central da Catedral de Colônia, em magnífica urna de ouro e de pedras preciosas que extasia os visitantes. 
As relíquias deles foram descobertas na Pérsia pela imperatriz Santa Helena e levadas à capital imperial Constantinopla. Depois foram transferidas a outra capital imperial – Milão –, até que foram guardadas definitivamente na Catedral de Colônia em 1163 (Acta SS., I, 323).


Curiosidades

Símbolos da humildade

Na tradição cristã os três Reis Magos simbolizavam os poderosos que deveriam curvar-se diante dos humildes na repetição real do canto da Virgem Maria à sua prima Isabel, e "Magnificat", pois sua alma rejubilava-se no Senhor, que exaltaria os pequenos de Israel e humilharia os poderosos.
A igreja cultua os Reis Magos dentro desse simbolismo. Representam os tronos, os potentados, os senhores da Terra que se curvara diante de Cristo, reconhecendo-lhe a divina realeza. É a busca dos poderosos que vêem em Belchior, Gaspar e Baltazar o exemplo de submissão aos desígnios de Deus e que devem, como os magos, despojar-se de seus bens e depositá-los aos pés dos demais seres humanos, partilhando sua fortuna como dignos despenseiros de Deus.
Os presentes de Natal também têm esse sentido. São as ofertas dos adultos à criança que com a sua pureza representa Jesus. Alguns, dão a essas festas um sentido mitológico pagão, buscando nas cerimônias dos druidas, dos germânicos ou saturnais romanas a pompa das festas natalinas que culminam com a Epifania.

A Bifana

A palavra epifania, usada também como nome de mulher, deu origem a uma corruptela dialetal do sul da Itália, levada depois a Portugal e Espanha, a Bifana. A Bifana, segundo a lenda, era uma velha que, no dia de Reis, saía pelas ruas da cidades a entregar presentes aos meninos que tivessem sido bons durante o ano que findara. Estava intimamente ligada às tradições dos povos mediterrâneos e mais próxima do significado litúrgico das festas natalícias. Os presentes eram somente dados no dia 6 de janeiro e nunca antes. Tanto assim é, que nós mesmos, no Brasil, na nossa infância, recebíamos os presentes nesse dia. Depois, com a influência francesa e inglesa em nossas tradições a Epifania ou Bifana foi substituída pelo Papai Noel, a quem muitos estudiosos atribuem uma origem pagã e outros, para disfarçar o sentido comercial da sua presença no dia de Natal, confundem com São Nicolau.
Hoje, o Santos Reis já não são lembrados. O presépio praticamente não existe e só neles é que podemos ver os Magos de Oriente apresentados. A árvore de Natal, pinheiro que os druidas e os feutos enfeitavam para agradar o terrível deus do inverno Hell, substituiria a representação do nascimento de Jesus, introduzida no costume dos povos por São Francisco de Assis. A festa da Epifania, dia de guarda no calendário litúrgico, já não mais é respeitada e com ela desaparecerem outras tradições da nossa gente, trazidas da Península Ibérica pelos nossos antepassados, como a folia de Reis, Reisados e tantos outros autos folclóricos, cultuados em poucas regiões do país.


Fontes: Gimenez, Armando. "Reis Magos, santos esquecidos dentro das tradições do Natal". Diário de São Paulo, São Paulo, 5 de janeiro 1958
http://www.portaldafamilia.org/datas/natal/reismagos.shtml

http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2013/01/quem-foram-os-reis-magos.html

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Os Reis Magos - Parte I

     O que vocês sabem sobre os Reis Magos? Eram realmente reis e em número de três? A maior parte do que sabemos hoje provém dos textos conhecidos como "Apócrifos", isto é, os livros que a Igreja Católica não incluiu na Bíblia, os livros não "canônicos".






      O apócrifo “A Revelação dos Magos” aparenta ser um relato de primeira mão da viagem dos Reis do Oriente para homenagear o "Filho de Deus". Este documento levanta questões muito interessantes, como: quem foram os Reis Magos? Foram três? Quais eram seus nomes? De onde vieram? Por quê?
       O Evangelho de Mateus é o único livro a citar a ilustre visita (Mt 2:1-11): 
        
        “1. Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém. 
“2. Perguntaram eles: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo. 
“3. A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele. 
“4. Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo. 
“5. Disseram-lhe: Em Belém, na Judeia, porque assim foi escrito pelo profeta: 
“6. E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo(Miq 5,2).  
“7. Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido. 
“8. E, enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo. 
“9. Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. 
“10. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.
“11. Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra. 

    
    São Beda, o Venerável (673-735) Doutor da Igreja e monge beneditino e uma das máximas autoridades dos primeiros tempos da Idade Média, no tratado “Excerpta et Colletanea”, assim recolhe as tradições que chegaram até ele: 

“Melquior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.

    É, pois, São Beda quem por primeira vez escreveu o nome dos três. Nomes com significados precisos que nos ajudam a compreender suas personalidades. Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar se traduz por “Deus manifesta o Rei”.
    Para São Beda – como para os demais Doutores da Igreja que falaram deles – os três representavam as três raças humanas existentes, em idades diferentes. Neste sentido, eles representavam os reis de todo o mundo.
     Também seus presentes têm um significado simbólico. Melquior deu ao Menino Jesus ouro, o que na Antiguidade queria dizer reconhecimento da realeza, pois era presente reservado aos reis. 
    Gaspar ofereceu-Lhe incenso (ou olíbano), em reconhecimento da divindade. Este presente era reservado aos sacerdotes.
     Por fim, Baltasar fez um tributo de mirra, em reconhecimento da humanidade. Mas como a mirra é símbolo de sofrimento, vêem-se nela preanunciadas as dores da Paixão redentora. A mirra era presente para um profeta. Era usada para embalsamar corpos e representava simbolicamente a imortalidade.

(Continua!)
     






        
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