Religião
e Religiosidade
“Minha mãe é católica e o meu pai é evangélico. Confesso que
estou no meio de chumbo cruzado e não sei o que fazer. Gostaria de saber se um
mau cidadão, independente de religião, pode se tornar uma pessoa boa.”
Joana Dark – Belo
Horizonte
Há
uma diferença entre ter religião e ser religioso. Ter religião é fazer parte de
uma igreja determinada, seguir e praticar seus rituais, cumprir suas normas
externas. Ser religioso é cultivar valores fundamentais de bondade, verdade,
amor e solidariedade. É estar em comunhão com Deus e com seus semelhantes. É
estar na trilha do auto-desenvolvimento, procurando ser cada dia um pouco
melhor.
A
diferença entre essas duas coisas é importante porque podem existir pessoas
que, mesmo pertencendo a alguma religião, não sejam religiosas, e outras que,
mesmo não tendo uma religião, se ligam a Deus, ao universo e caminham no
esforço dos valores universais da vida. O grande objetivo de uma religião é
facilitar e encaminhar a pessoa para essa descoberta íntima da religiosidade.
Respondendo à pergunta da leitora, podemos dizer que qualquer pessoa má
se converterá ao bem através da religiosidade e do amor, mas isso não implica
necessariamente em pertencer a uma religião.
São
inúmeros os caminhos que nos levam à paz interior e ao amor às outras pessoas.
Como diria Jesus Cristo: “Na casa do meu Pai existem muitas moradas.” Cada um
escolhe seu caminho, são muitos. Querer que as pessoas sigam o caminho que nós
escolhemos é achar que o único meio de desenvolvimento humano e espiritual é o
nosso. Essa crença leva ao fanatismo religioso, à intolerância religiosa, uma
das piores formas de violência.
Já
houve na história do mundo momentos em que se matava aqueles que não
professassem uma determinada religião. I o amor da religiosidade, onde fica?
Antonio Roberto – Terapeuta comportamental e Deputado Federal
em Minas Gerais
Texto extraído do jornal “aQui”, de 16/12/2013.